A "Liga dos Amigos da Nazare" é uma associação sem fins lucrativos, constituída em 15 de Maio de 1956, é alheia a credos políticos e religiosos e tem como principais objectivos, a defesa e valorização do património cultural e natural, a conservação da natureza, a união de todos os amigos da Nazaré, a promoção e valorização das suas belezas naturais, artísticas e folclóricas, assim como da sua tradição e etnografia".




Sede

R. Dr. Rui Rosa, 6A (loja) 2450-209 Nazaré

contacto: liganazare@gmail.com

domingo, 22 de novembro de 2009

Aguarela- Maria Cecília Louraço

Recordando...

Era assim a vista que eu podia desfrutar do muro da minha casa, na Pederneira.
Na colina, o chamado Casal dos Cucos era enquadrado por pinhal e no sopé erguia-se a chaminé do Forno de tijolo, que tinha adjacente a barreira e o pequeno lago que aparava as águas que dela escorriam. Era a matéria prima do último forno deste género existente na região da Nazaré e zona limítrofe e que foi destruído pelos implacaveis desígnios da Economia.Os esforços desenvolvidos na altura, por gente atenta para salvar e preservar este património industrial,foram em vão.
Nem a chaminé ficou para assinalar o local como se fez com a fábrica da telha, desactivada mais tarde.
Do mesmo modo foi destruída, para um fim que se julga ser digno mas que requeria outra localização, a pequena casa da família Paiva,de traça estremenha e que enquadrava perfeitamente a pequena ermida, também ela já um pouco mutilada na sua feição medieval.Quem a vendeu não pertencia à família Paiva pelo sangue, e o dinheiro fala sempre mais alto, sobretudo se for pago por uma obra que se considere de interesse público.
Esta paisagem já só é possível admirar em fotografias,eventualmente, e de certeza em registos como este que se apresenta.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009





Exemplos a seguir

"Nazaré toda branquinha/ está noivinha p'ra casar..."
Se bem me lembro esta era umas das modas cantada pelo Rancho 'Tá-Mar, exaltando a brancura do casario, em planos de luz e sombra, enquadrado pelo azul do céu e o frio verde do mar.
As casas eram modestas e simples, mesmo as mais "aburguesadas". Não se ultrapassava muito o canon do Homem como medida de todas as coisas;as cores das barras eram neutras,discretas, mesmo o azul e o ocre não berravam, nem feriam a vista como agora.
Mas, nesses tempos remotos, a maioria das pessoas também era simples e de fracas posses, não havia lugar a grandes demonstrações de estatuto social. Uma simples casa térrea no bairro dos pescadores era um bem inestimavel; sempre era melhor que uma barraca no Casal dos Cucus ou num qualquer ponto afastado do pinhal...

Agora as casas do bairro dos pescadores são vivendas sofisticadas e o Casal dos Cucos é uma amálgama arquitectónica... É ver quem constroi a casa mais bizarra ou a mais tradicional,com dois ,três e mais pisos, num terrreno com acentuado declive, que deveria ser ocupado em "socalcos" discretos, de forma ordenada e sem que os edifícios pareçam ir cair sobre nós a qualquer momento.

Não sou arquitecta mas sei distinguir um bom exemplo de arquitectura que é inovadora e actual mantendo a simplicidade e a traça da arquitectura tradicional.
Não há muitos exemplos na Nazaré, mas felizmente ainda há bom gosto, discreção sem pretensiosismo.
Cilalouraço