A "Liga dos Amigos da Nazare" é uma associação sem fins lucrativos, constituída em 15 de Maio de 1956, é alheia a credos políticos e religiosos e tem como principais objectivos, a defesa e valorização do património cultural e natural, a conservação da natureza, a união de todos os amigos da Nazaré, a promoção e valorização das suas belezas naturais, artísticas e folclóricas, assim como da sua tradição e etnografia".




Sede

R. Dr. Rui Rosa, 6A (loja) 2450-209 Nazaré

contacto: liganazare@gmail.com

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O tragico desaparecimento da "REDINHA"


No dia 11 Novembro de 1946, segunda-feira, dia de S. Martinho, de manhã, com boas condições de tempo e mar ainda com o ramo de flores preso á roda da proa, saiu para a faina da pesca do alto com uma tripulação de 14 homens, incluindo o seu mestre José Légua Varino, a traineira
da pesca do alto “Redinha”.
Fazia a sua viagem inaugural.
Deveria ter regressado no dia seguinte, á tarde, depois de um dia de pesca ao goraz, tal como o fizeram os barcos dos “Conchachas”, dos "Albertos” e do “Manel d’Amára” e do “Zé Cara-de-ferro ”que também pescavam na mesma área, naquele dia e noite.
Não mais regressou.
Em vão esperaram os familiares dos tripulantes, e toda a Nazaré, por um sinal, um avistamento, algo que fosse descoberto a boiar ou desse á costa, durante dias, semanas, meses. Nada.
Nunca mais foi vista.
Havia desaparecido sem deixar rasto.
Faz hoje precisamente 65 anos!
A trgédia havia-se abatido sobre mães, pais, irmãos, tios, avós, amigos, sobre toda a comunidade piscatória. O luto, a dor, a angústia e o desgosto, não mais abandonariam aquelas casas que se manteriam para sempre na penumbra e apenas entreabertas. De entre os desaparecidos, havia pais e filhos, irmãos, primos. Viúvasolteiras.
Tal desaparecimento iria originar mais uma “praga”nazarena: “havias de levar um sumiço como levou a Redinha”.
Encomendada a sua construção no dia 11 de Setembro ao mestre Policarpo Vicente Isaac, foi registada na capitania do porto da Nazaré, no dia 2 de Novembro com o nome de “Redinha” pelos seus proprietários José de Sousa Valverde e Manuel Pedro de Matos, com o número N-1675-C.
A matrícula da companha havia sido feita no dia 4 de Novembro e no dia 5 foi matriculado o 13º companheiro, António Martins Bulhões. Do rol de matrícula não consta o 14º tripulante.
O desaparecimento da “Redinha” iria passar a fazer parte do imaginário, das lendas, da longa história trágico-marítima nazarena.
Este trágico acontecimento, devido ao facto de nunca terem sido apuradas as circunstâncias em que ocorreu, deu azo a uma série de teorias mirabolantes conforme a maior ou menor imaginação do seu autor:
… um barco da pesca da sardinha, do Norte, teria abalroado a Redinha (teria sido ouvido á boca pequena), e os seus tripulantes mortos; uma motora francesa a teria cortado a meio, de noite e os tripulantes abandonados á sua sorte (teria sido ouvido, em surdina, numa taberna da Nazaré, entre dois tripulantes franceses, em francês, claro,); um submarino russo havia arrastado a Redinha para as profundezas do oceano e os seus tripulantes levados para a Rússia), (porque a Redinha fazia espionagem), eu sei lá!
Muito provavelmente, tudo não terá passado de uma série de circunstâncias coincidentes, em que a vida do mar é fértil, que terão contribuido para tamanha tragédia.
Voltarei a este assunto sobre os factos que poderão ter contribuído para o naufrágio da “Redinha” e desaparecimento dos seus tripulantes.
Que descansem em paz!

Eugénio Couto
Nazaré, 11 /11/11

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

terça-feira, 4 de outubro de 2011

REFLEXÃO SOBRE PATRIMÓNIO DO CONCELHO DA NAZARÉ
No âmbito das Comemorações do 55º Aniversário da LIGA DOS AMIGOS DA NAZARÉ, foram realizados Eventos nos mais significativos Locais, para realçar a importância do Património do Concelho da Nazaré. Com a colaboração logística da Câmara Municipal da Nazaré, tivemos oportunidade de ouvir eloquentes Oradores que salientaram a riqueza do nosso Património.
Directa ou indirectamente, alertámos e fomos alertados para lacunas que,lamentavelmente, persistem,por desconhecimento ou incúria,de todos nós que não usamos todos os meios ao nosso alcance na preservação do legado dos nossosAntepassados e que nos compete defender.
- Nazaré(Praia) - “Chalet Miramar“ - Até quando se permite a sua completadestruição, esquecendo o seu significado na época áurea da Nazaré?
- “Cabana do Pescador” - O que falta para para queseja possível a sua viabilidade, ao serviço de Nacionais e Estrangeiros?
- “Taberna típica” – Um futuro local de referência para Nazarenos e Turistas apreciarem o nosso Fado?
- “Barca de Nossa Senhora dos Aflitos” – Como foi possível deixar destrui-la? Onde está a sua “réplica” e em que condições? A“Mimosa” abandonada espera o mesmo fim ? “Que tristeza!”, diriam os nossos esforçados Pescadores.
- “Monumento ao dedicado Médico, Dr. José Maria Carvalho Júnior”, Para quando? (ao menos colocar uma “floreira” que dignifique a lápide comemorativa da sua Homenagem Pública).
- “Fachada da antiga Estação Rodoviária” – Desaparecida ? Como é possível esta flagrante falta de sensibilidade ? Para quando instalações dignas na sua apressadasubstituição ?
- Pederneira – Praça BastiãoFernandes – Dignificação do local onde orgulhosamente esteve a Câmara Municipal e colaboração na recuperação digna da Igreja de Nossa Senhora das Areias.
- Valado de Frades – Iniciativas que permitam que a antiga Estação de Caminhos de Ferro, possa vir a ser utilizada como local expositivo.
- Famalicão da Nazaré – Embora não sendo tarefa fácil, não deve ser esquecida (mais do que já foi!) a histórica Igreja de São Gião.
- Sítio – Pese embora que a responsabilidade do estado desagradável da parte superior do Elevador seja da responsabilidade de Entidade Nacional, deveria ser feita uma acção de efectivo acompanhamento.
- Forte de São Miguel Arcanjo – A Liga dos Amigos da Nazaré e os Amigos da Nazaré tudo farão pararevitalizar este nosso emblemático Monumento como pólo museológico.
Todos não somos demais para defender o Património do Concelho da Nazaré !
Rogério Meca
Nazaré, 2011/09/20

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A Liga dos Amigos da Nazaré comemora este ano o seu 55º Aniversário. Pretendendo ser sóbrios, objectivos e visíveis, decidimos apresentar a nossa imagem pública "55 anos em 5 meses", em diferentes datas e locais. Assim, prevemos a seguinte programação:

- 15 de Maio (Domingo) (das 15,00 às 19,00) - Nazaré (Praia) - Praça Sousa Oliveira
- 19 de Junho " " " - Pederneira - Praça Bastião Fernandes
- 17 de Julho " " " - Valado de Frades - Praça 25 de Abril
- 21 de Agosto " " " - Famalicão - Largo da Igreja
- 11 de Setembro" " " - Sítio - Largo de Nossa Senhora da Nazaré

Nestes locais, além do público, estaremos, em directo, com a Rádio Nazaré. Muito apreciaríamos que nos honrasse com a sua presença. Traga um Amigo, também!

Com os nossos melhores cumprimentos, enviamos

SAUDAÇÕES NAZARENAS

P'la Direcção da LIGA DOS AMIGOS DA NAZARÉ

Rogério Meca

sábado, 16 de abril de 2011


Do Foquim à Mochila
Exposição nas ruas da Nazaré


Entre 16 e 30 de Abril, os trabalhos realizados no âmbito do concurso “Do Foquim à Mochila” estão expostos em diversos estabelecimentos comerciais das ruas da Nazaré. Este projecto é uma iniciativa do Museu Dr. Joaquim Manso, em parceria com o Agrupamento de Escolas da Nazaré, com a colaboração da ACISN – Associação Comercial Industrial e de Serviços da Nazaré e da ANAZART – Associação Nazarena de Artes Plásticas.
O foquim é um recipiente de madeira, outrora utilizado pelos pescadores para transportarem as suas refeições durante a faina do mar. A partir da visita ao Museu e da posterior recolha de memórias junto de familiares, os alunos do 1º e 3º ciclo do ensino básico criaram novas interpretações em cartão ou madeira, decoradas com as suas cores, “heróis” ou temas preferidos.
Durante a Páscoa, e recuperando a memória dos “concursos de foquins” que decorriam na Nazaré nos anos 1960 durante as festividades de “Avril au Portugal”, os trabalhos estão nas montras dos estabelecimentos comerciais, para apreciação da comunidade local e dos turistas que nesta época afluem a esta vila piscatória.

Fica o convite para vir à Nazaré, percorrer as suas ruas estreitas à beira-mar e re-descobrir este objecto tradicional da cultura piscatória através da criatividade juvenil!

Data de exposição: 16 a 30 de Abril de 2011
Percurso: Rua Sub-Vila, R. António Carvalho Laranjo, Av Vieira Guimarães, R. Alves Redol, Largo Cândido dos Reis, R. Branco Martins, Av. Manuel Remígio, Av. República, Pr. Sousa Oliveira, R. Dr. Rui Rosa, R. Mousinho Albuquerque e R. Adrião Batalha.
No Museu Dr. Joaquim Manso, o Foquim é o “Objecto do Mês” de Abril e está exposto o foquim em cartão realizado pelo pescador Diamantino Peixe.
Cartaz e ilustração do evento: realizado por Carlos Filipe, artista plástico da Nazaré.
Mais informação no nosso blog http://mdjm-nazare.blogspot.com ou siga-nos no Facebook.



“Os foquins ainda levam de comer, mas ninguém se lembra de os abrir (…) Não, mais nenhum sente fome. Aquele punho metido ali na barriga é outra coisa. Todos sabem o que dá o Mar, mas nunca estiveram nas suas mãos com um vento rijo a empolar os vagalhões que os acometem sem descanso”.

Alves Redol, Uma fenda na Muralha, 1969
(2011 - Centenário do Nascimento de Alves Redol)


Museu Dr. Joaquim MansoRua D. Fuas Roupinho - Sítio2450-065 Nazarételef. 262562801fax. 262561246e-mail: mdjm.directora@imc-ip.pt
http://mdjm-nazare.blogspot.com

sexta-feira, 11 de março de 2011

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Edifício da estação da rodoviária

Diz-se que, no lugar da estação da Rodoviária Nacional na Avenida Vieira Guimarães ,vai nascer mais uma grande superfície comercial, um conjunto de blocos de apartamentos e lugares de estacionamento.
A Liga dos Amigos da Nazaré, considerando este edifício de interesse patrimonial, da autoria do arquitecto leiriense Korrodi, cuja assinatura está inscrita na sua fachada,enviou há algum tempo uma carta à empresa, no sentido de alertar para o estado de degradação do referido espaço.
Sendo um edifício de características marcantes da época em que foi construído,como há poucos na Nazaré, é de lamentar se o eventual projecto em curso não preservar, pelo menos, a sua fachada de linhas simples mas funcionais, sobretudo no espaço que penso ter sido originalmente projectado como a sala de espera.
Tão importante como a renovação urbanística da Nazaré é a preservação dos exemplares que marcaram um estilo e uma época.
É urgente pois,alertar os responsaveis mas, sobretudo, os nazarenos para que defendam tudo o que pode ajudar a criar uma identidade, preservando os edifícios que acompanharam a história da Nazaré e lhe deram a feição que a fez ser apreciada como destino turístico.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011



Património esquecido

O dia estava morno, para uma tarde de Janeiro, convidativo para um passeio pelos caminhos velhos, como dizia José Afonso,da velha Pederneira. Sem rumo definido, assomei ao lugar aonde em criança brincava - a duna de areia fina colonizada por "tramagueiras", nome pelo qual se designavam os arbustos, quase pequenas árvores, que tinham enraizado naquela espinha de areia, suportando o declive por onde rebolávamos em divertida algazarra.
Era o caminho que levava à fontinha, bica de água que brotava da parede adossada a um terreno adjacente, canalizada para um tanque baixo e largo, com duas pedras laterais aonde as mulheres esfregavam a roupa que iam lá lavar. Para se chegar à fontinha seguia-se por um caminho sinuoso e estreito, bordejado de denso canavial e campos de leiras onde cresciam os legumes que iriam abastecer o mercado.
O lugar ainda lá está, em parte intacto, à excepção da duna que foi arrasada para construção de vivendas. O caminho de areia é agora uma estrada de alcatrão que termina no final da fila de casas, juntinho ao pinhal.
Contrastando com as casas novas, permanece ainda do lado esquerdo da estrada um conjunto de construção precária com vestígios das barracas aonde moravam famílias de parcos recursos.A estrada segue ao longo de terrenos incultos,apesar do poço promissor de água abundante.Ao fundo uma casa simples, sem os detalhes decorativos que atestam a mudança na escala social dos donos das casa vizinhas.No campo que parece em pousio forçado, ainda vagueia um grupo de ovelhas,em busca da erva que nasce espontaneamente.
Virando á esquerda,a caminho do local aonde existia a fonte, como que regressamos aos tempos antigos, em que rebolávamos nas areias da duna e apanhávamos figos nas figueiras das hortas
Apesar das mudanças, ainda persiste uma sebe de canas que nos acompanha até à fontinha,agora encoberta pelo aterro que refez o caminho original.O tanque está totalmente coberto por barrotes húmidos a apodrecer entre restos de ramos caídos das árvores.É agora um buraco abaixo do nível do caminho,feito de restos de materiais de construção, que segue para o lado do Monte de S. Brás. Suportando o muro do terreno aonde foi construída uma casa, uma parede de cimento com lápide gravada,recordando a data da construção da fonte, para benefício da população, segundo o texto, se tivesse sido acautelada a sua preservação
Contudo, do outro lado do caminho e junto às casa velhas, vicejava uma horta tradicional.Um poço armazenava a água verde,coberta de limos;ao centro as leiras de couve portuguesa e, em volta,parcelas de terra tratada, aguardando o tempo certo para o brotar das sementes.Ao fundo, construções improvisadas de materiais recuperados que servem de abrigo a animais e local de recolha de alfaias.Tudo num equilíbrio que parece precário e desorganizado, mas,certamente ainda eficaz à sua maneira.
Esta é uma parcela da história social da Pederneira que está em via de extinção e é desconhecida de grande parte da população actual da Nazaré.
A pergunta que urge fazer é: como preservar esta memória da horta tradicional de apoio à casa e da actividade agrícolas das gentes da Pederneira, como ainda se pode ver nos campos da Subvila,agora alvo do interesse de indústria da construção?.
Difícil será impor uma solução que passe pela criação, in loco, de um ecomuseu, devido aos interesse financeiros e à falta de capacidade e motivação dos responsáveis da administração autárquica. Mas é sempre possível criar um espaço de memória desta componente agrária do património cultural nazareno.As gentes da pederneira estão sensíveis à criação de um espaço em que a sua tradição de vida seja guardada e mostrada aos mais novos,só precisam de algum apoio de quem o puder dar.